sábado, 21 de novembro de 2009

Mudança de Paradigma

Em Canela, onde moro atualmente, o clima é um tanto quanto estranho: as quatro estações podem ser vistas em um dia só.

Enquanto voltava da Castelli pra minha casa, começou uma chuva muito forte. Eu, prontamente, abri meu guarda-chuva e comecei a andar mais depressa. Até porque queria chegar logo em casa pra me trocar e ir pra academia antes do curso de francês.

Depois de 15 minutos andando, quando já havia completado três quartos do percurso, um homem à minha frente impediu que meus passos continuassem no mesmo ritmo de antes, obrigando-me a desacelerar.

Eu, com minha impaciência costumeira, começo a me irritar e a querer ultrapassar este ser que me atrapalha. Tento uma vez, não consigo. Tento outra vez, também não. O que me deixava ainda mais chateada era o fato de ele perceber a minha pressa e vontade de passar, mas não alterar o movimento ou afastar-se um pouco, para não ficar bem no meio da calçada.

Até que nos posicionamos em frente à padaria Gisele, onde ficou bem mais fácil avançar, levando em consideração a largura da calçada. Não perdi tempo: aumentei o passo e deixei a pessoa para trás.

Conforme a ultrapassava, no entanto, observei algo diferente que, antes, não havia percebido: essa pessoa que tinha despertado em mim uma chateação enorme, além de manca, tinha síndrome de down.

Minha preocupação em chegar no horário certo na academia e em não molhar minha sandália era tão grande que não tive a capacidade de observar o que estava à minha volta e respeitar as condições físicas de uma pessoa.

Não digo que senti pena naquele momento. A única coisa que senti foi vergonha. O sentimento de raiva que tinha antes mudou para um sentimento de culpa, de remorso. Minha forma de ver aquela situação, naquele momento, mudou em um piscar de olhos. A hospitalidade que eu tanto prego tinha sido deixada de lado por mim completamente, e isso me soou tão hipócrita.

Agora eu entendo quando Stephen Covey diz que vemos o mundo não como ele é, mas como nós somos.

2 comentários:

  1. Ah, fica assim não, os seres-humanos estão longe de serem perfeitos e estarão sempre fadados a cometerem erros, alguns leves, e outros que podem entrar em conflito com as premissas que a pessoa dá mais importância, como foi no seu caso.

    O importante é que você com essa lição viu a besteira que fez de forma que poderá se corrigir no futuro.

    Não dá para ficar se lamentando por erros do passado, pois não tem como retorná-los, mas você pode aprender com eles de forma a evitar cometê-los de uma próxima vez.

    Em resumo é isso aí, bola para frente que à partir de agora você não cometerá mais erros de hospitalidade como foi esse!

    Xeru!

    ResponderExcluir