domingo, 20 de dezembro de 2009

A Legalização Que as Prostitutas Não Querem

Ontem, durante a aula de legislação no trânsito, meu professor comentou sobre o processo feito contra a banda de forró Mastruz com Leite pela Associação das Prostitutas do Ceará (!!), a APROCE, devido a uma música da banda “Bomba no Cabaré”. Bom, pelo título da música, já fica implícito o motivo do processo, que não é o meu foco nesse texto.

Enquanto o professor comentou sobre isso – mesmo não tendo nenhuma relação com a aula – algumas pessoas se perguntaram se a profissão já era legalizada. Nessas horas é interessantíssimo observar a reação delas. Uns ficam horrorizados, outros não tão nem aí, e a maioria tá mais preocupado com a partida de futebol do fim de semana. O que será, no entanto, que as prostitutas dizem sobre isso?



Óbvio que elas estão pouco se lixando. No Brasil, prostituta não vai pra prisão mesmo. Ser prostituta no nosso país não é ser criminosa, é ser vítima. O único criminoso, de acordo com o Código Penal, é o cafetão, o empresário capitalista amante do dinheiro que faz lavagem cerebral nas moças para que se tornem mulheres da vida ou, como prefere a Cartilha do Politicamente Correto e o próprio Ministério do Trabalho, profissionais do sexo.

Prostituta não quer sua profissão legalizada. Legalizá-la significaria pagar impostos, seguir normas governamentais como a realização de exames de saúde periódicos – ora, o cara que decide se deitar com uma mulher que não conhece, está correndo o risco de contrair uma DST por livre e espontânea vontade – e ainda ter que aumentar o preço do trabalho para que o lucro permaneça o mesmo.

A prostituta, então, não levaria vantagem com a legalização. E quem levaria? O cafetão? Não, porque ele continuaria sendo, perante a lei, um criminoso. A não ser que houvesse uma reforma no Código Penal em relação ao seu trabalho, que nada mais seria do que o patrão da prostituta que não quisesse trabalhar por conta própria. Mas será que o cafetão gostaria dessa legalização? Também não. Além dos impostos que pagaria ao Estado, ainda teria que se preocupar em estar conforme a CLT, fora a questão da insalubridade. Quantos por cento a prostituta receberia do patrão como adicional por ser uma profissão insalubre, estando ela sujeita a agentes biológicos?

Não. O cafetão não sairia ganhando. Mais do que estampado na nossa cara, quem sairia ganhando nisso tudo seria o Estado. Assim como só ele tem ganhado ao longo dos anos através do trabalho de todos os outros cidadãos devido à legalização de seus empregos.

No final de tudo, todos só sairemos ganhando quando nossos empregos forem descriminalizados, mas não legalizados, como é o caso das prostitutas que parecem estar perdendo quando, na verdade, ganham.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Exame Psicotécnico e Renovação de CNH

Eu não entendo os órgãos públicos. Para ser mais sincera, há o que entender?

Ontem fui fazer meu exame psicotécnico no DETRAN que, para variar, pasmem, está em greve. Na sala de aula havia somente mais uma pessoa com o intuito de tirar a CNH, as outras buscavam apenas renovação.

Os que queriam renovar a carteira, todos homens, não passaram. Seriam eles loucos? Sinceramente fiquei me perguntando o porquê de não haverem sido aprovados. Afinal, eles só precisaram desenhar uma árvore, uma casa e uma pessoa; além de ter que buscar em várias filas de figuras, as três figuras exigidas no início do teste.

Será que não desenharam o chão, ao rabiscarem a pessoa, a casa e a árvore? Bom, eu jamais teria feito um chão no meu desenho se antes não me tivessem alertado sobre isso. Será que desenharam a pessoa com menos de cinco dedos em alguma das mãos? Vai que quem estava desenhando tentava fazer uma caricatura do Lula? Isso faz dele um louco? Confesso que teria desenhado uma pessoa em forma de palito se também não me tivessem antes alertado. E a casa? Como será que fizeram? Sem teto? Sem chaminé, janela? Minha casa seria um triângulo com um retângulo embaixo, se não me tivessem, também, alertado sobre como deveria fazer o desenho.

Agora fico a pensar, se não tivesse conseguido essas dicas antes, será que eu também não teria reprovado? Agora nós precisamos ser desenhistas para termos um atestado de sanidade mental? Precisamos desenhar uma pessoa com cinco dedos, dois olhos e uma boca pra podermos dirigir?

O segundo teste que esses homens realizaram, assim com eu e a outra garota que queria apenas tirar a CNH, era o das figuras que disse anteriormente. Era tudo cronometrado. Para quem tem déficit de atenção, raciocínio mais lento ou qualquer problema que seja, esse exercício é mais complicado, principalmente quando tem que se preocupar também com o tempo.

Quando questionei isso, rebateram dizendo: “É, mas esse exercício é importante, porque um dislexo, por exemplo, troca as posições de uma seta. Temos que detectar isso, porque é perigoso trocar a posição de uma curva numa placa”.

Concordo. É perigoso avistar uma placa mostrando que tem uma curva acentuada à esquerda quando, na verdade, ela diz que tem uma curva acentuada à direita. Entretanto, quando alguém estiver dirigindo e observando a estrada, não vai ver uma curva que está à direita, à esquerda. Desenho numa placa ou folha de papel é uma coisa. Situação real, outra. Conheço dislexos e sei que eles não cometeriam esse erro. Se assim o fosse, iam viver caindo no chão ao tentar sentar numa cadeira por não saberem a real posição do assento.

Confesso que não tinha parado para pensar nisso até um dos senhores sair da sala dizendo que tinha que passar no exame pra continuar trabalhando. Como sei que ele não passou, sei também que perdeu o emprego. O Estado deixou mais uma pessoa desempregada por absolutamente nada. Quantas outras pessoas também não passam pela mesma situação que esse senhor?

O que me indigna ainda mais é ver uma suposta preocupação em renovar a CNH de uma pessoa “inapta psicologicamente” a dirigir, mas ver ruas em Messejana (bairro do estado do Ceará) sem placas nem sinalizações. Quem não é daqui, não sabe se a pista é mão dupla ou única, não sabe se está na contramão ou não, sem contar as faixas de pedestres que são escassas.

Acredite, acidentes no trânsito e mortes são causados bem mais por culpa do Estado do que por alguém dislexo ou com qualquer outro problema. Os órgãos públicos são tão insignificantes que não percebem sua própria inaptidão para existir.

Etiqueta ao Celular


Tenho percebido o quanto a etiqueta ao celular é algo precariamente entendido entre as pessoas.

Em menos de uma semana já passei por poucas e boas com sujeitos que utilizam esse aparelho tão necessário na atualidade de uma forma tão ridiculamente mal-educada.
Como é sempre muito fácil só reclamar, resolvi, então, dar algumas dicas básicas para utilizá-lo de forma correta, sem perturbar a sanidade dos outros.

1- Quando estiver falando com alguém ao celular em um ambiente fechado – ônibus, restaurantes e shoppings, por exemplo – observe se está falando com um tom de voz baixo. Ninguém quer saber o que você fez na noite passada ou o que vai comer no café-da-manhã.

2- Se estiver na companhia de alguém e estiver esperando uma ligação importante, avise à pessoa com quem você está sobre isso. Não é nada educado interromper alguém falando pra atender a um celular. Afinal, se não foi avisado antes que ele poderia tocar, por que a ligação seria mais importante do que o que o interlocutor fala?

3-
Caso você coloque o número do seu celular pessoal no seu cartão de visita profissional, tenha em mente que:
a. Você deu oportunidade para quem recebe o cartão de ligá-lo a qualquer hora do dia, independente de você estar na academia, no salão ou no escritório.
b. Sua caixa postal deve ter uma mensagem séria e não aquelas do tipo: “Oi! Você ligou para Fulana de Tal. No momento tenho coisa mais importante pra fazer, portanto, ligue mais tarde!”. Acredite: esse tipo de brincadeira não cola.

4- Enquanto estiver falando com alguém ao celular:
a. Não mastigue, não beba, não masque.
b. Não fique mudo, como se a linha tivesse caído. Concordo e faça algum ruído que deixe a pessoa na outra linha sabendo que você está escutando.
c. Não fique gritando com seu filho que está correndo de um lado para outro na sala ou conversando com sua secretária. Isso é chato pra quem está do outro lado da linha.
d. Não faça nada que possa tirar sua atenção, como ler, escrever ou assistir a um filme. É deselegante ter que pedir para que a pessoa no outro lado da linha repita tudo por falta de atenção. Se o que ela estava falando era tão desimportante a ponto de você ter começado alguma outra atividade, por que não avisá-la logo? De forma educada, claro.

5- Se você estiver em uma reunião profissional, não coloque aquelas músicas esdrúxulas no seu celular. Ouvir o celular de alguém tocando ao som de Kelly Key e NXZero é o fim. Talvez até do seu emprego. Isso acontecer numa entrevista de emprego, então, nem se fala.

Tem muito mais para se falar sobre etiqueta ao celular, mas esses itens são os básicos que estavam deixando meus nervos à flor da pele e precisava repassá-los aos que se interessam.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A Ineficácia das Normas Regulamentadoras


As aulas de Segurança no Trabalho são as que mais me deixam revoltada na Castelli. Não pela aula em si - até porque é importante que uma empresa saiba como zelar pela saúde física e mental de seus colaboradores - mas sim pelas leis e normas que aprendemos no decorrer do curso e todas as imposições feitas pelo governo e suas penalidades caso não sejam obedecidas.

Não concordo que qualquer instituição imponha algo sobre mim ou minha empresa sem o meu consentimento, e é exatamente isso o que o governo faz. Para agravar a situação, o governo nos força a seguir normas que ele mesmo desobedece. É o tal do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

Escrevo sobre isso porque ontem vi a Prefeitura de Canela quebrando uma das NR’s que a nós nos são impostas. Para ser mais direta, quebrou a NR-6, que fala sobre o uso de equipamentos para proteção individual.

Ontem, enquanto corria na academia, vi, através da janela em frente à esteira, dois homens andando no telhado da Casa de Pedra sem utilizar uma proteção sequer. Estavam fazendo os ajustes finais para o natal da cidade que, diga-se de passagem, já deveriam estar prontos há muito tempo, mas já que é obra do governo, anda a passos de tartaruga, se fosse uma empresa privada, tudo já estaria no seu devido lugar.

Enfim, como esses homens correm riscos ao lidar com fios, energia elétrica e altura, eles devem usar equipamentos de segurança. A prefeitura, por ser quem contrata esse pessoal, tem obrigação de fornecer e exigir que utilizem esse equipamento, afinal, observando a NR-1, pode-se ver que tanto empresas privadas quanto públicas, assim como órgãos públicos, devem obedecer à norma, estando todos passíveis de multa caso não a cumpram.

Bati várias fotos desses homens no telhado sem proteção alguma, uma delas é a que está nessa postagem. Quando empresas privadas não utilizam EPI’s, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) faz questão de multar. Agora eu quero saber como eles fazem pra controlar quando a própria Prefeitura infringe a lei.

Ontem, quando comentei sobre isso na academia, defenderam a Prefeitura, dizendo que ela fornecia o material necessário, mas que os empregados não o utilizavam. Isso não importa. Várias empresas privadas também fornecem os equipamentos e seus funcionários não os utilizam porque acham que ficam estranhos. Quando usamos isso como desculpa, os fiscais não perdoam e somos multados, então não tem que ser diferente com a Prefeitura.

Esse é o problema que surge quando querem utilizar de coerção para impor um valor que para outra pessoa pode não ser importante. Por isso defendo veementemente que as NR’s não devem ser impostas, mas servir apenas como forma de orientação. Quem quiser seguir, segue. Quem não quiser, é opção da empresa e do empregado que aceitou trabalhar para ela.

O que não se pode aceitar é que nós tenhamos de pagar multas caso não as obedeçamos, mas prefeituras desobedeçam a olho nu, como foi o caso citado aqui, e nada seja feito a respeito.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A Imagem Que Exportamos


Muitas pessoas ficaram indignadas com a piada que o ator e comediante Robin Williams fez no programa Late Show, do David Letterman, ao afirmar: “Espero que ela (Oprah) não esteja chateada com as Olimpíadas. Chicago enviou a Oprah e a Michelle. O Brasil mandou 50 strippers e meio quilo de pó. Não foi uma competição justa”.

Por que as pessoas ficaram indignadas com a piada? Não é com a piada que temos que nos indignar, mas sim com nossa situação atual e com os próprios brasileiros.

O que Robin Williams falou nada mais é do que a imagem que nós criamos, portanto, o culpado somos nós. A partir do momento em que vendemos o Brasil como o país do Carnaval, do samba, da mulata e da caipirinha, não podemos exigir que nos retratem como um local sério ou qualquer outra característica similar.

Será que realmente estamos preocupados com a imagem que temos lá fora? Já pararam pra ver os filmes que produzimos? Quando não falam da favela e do tráfico de drogas no RJ, exibimos um filme sem história, mas repleto de sexo. Porque o brasileiro gosta disso: pouco conteúdo e muita obscenidade.

A verdade dói, mas precisa ser dita. Se quisermos realmente mudar a imagem do Brasil, temos que mudar nossos atos, nossa forma de lidar com os problemas, deixar o “jeitinho” de lado, por fim, mudar o caráter brasileiro, que já é intrínseco ao nosso povo.

O que me deixa realmente revoltada é ver que tanta gente faz um rebuliço tremendo por conta dessa piada, mas quando fica sabendo de corrupção, desvio de dinheiro, aumento de IPTU dentre tantas outras falcatruas governamentais, ninguém faz nada. Todo mundo fica calado, aceitando toda a roubalheira como algo habitual e irreparável.

Robin Williams não tem que ser processado por nada. Onde já se viu alguém ser processado por falar a verdade? Imagino até a manchete do jornal: Robin Williams é processado por faltar com a MENTIRA!

Robin Williams não teria feito essa piada se não tivéssemos propiciado tal cenário. Se alguém tem que ser culpado por isso, esse alguém somos nós.