sexta-feira, 30 de abril de 2010

Jogos de Azar: 64 anos de proibição.

Hoje faz exatamente 64 anos que o então presidente da república Eurico Gaspar Dutra assinou o Decreto-Lei 9215, proibindo os jogos de azar no Brasil. Sinceramente falando, os jogos de azar não são proibidos em sua totalidade: empresas privadas é que não podem ter esses jogos. O governo, justo como sempre, pode.

A legalização dos jogos de azar movimentaria bem mais a economia de muitas cidades que já lucram com o turismo, assim como passaria a movimentar a economia de cidades que não lucram nada porque não possuem atrativos turísticos interessantes o suficiente, fazendo com que o único diferencial que teriam a oferecer seria as casas de jogos.

Sim, é possível fazer com que cidades pequenas e sem muitos chamativos tragam lucro para o local apenas através de cassinos. Isso ocorreu na época de ouro dos cassinos no Brasil. Um exemplo disso é o município mineiro de São Lourenço que, mesmo sendo o menor município de Minas Gerais, possuía 8 cassinos. Para suprir todas as necessidades de hospedagem e alimentação, 40 hotéis foram construídos por empresas privadas.

Qual a mão de obra necessária para abrir um cassino? Atendentes, seguranças, bartender, gerentes, valets e faxineiros. Isso contando apenas o básico, e sem supor que o cassino tenha hospedagem, o que sempre foi e continua sendo bem difícil ocorrer. E para um hotel, qual a mão de obra? Citando apenas o necessário para um hotel de pequeno porte: camareiras, recepcionistas, faxineiros e cozinheiros. Isso sem falar da mão de obra indireta: lavanderia, manutenção de equipamentos e fornecedores de alimentos.

Agora imagine como o pequeno município de São Lourenço, ao ter 8 cassinos e 40 hotéis, não deve ter melhorado na época, através de toda essa geração de empregos e entrada de receita estrangeira, através do público atraído à região, que englobava a classe média-alta de SP e RJ, além de argentinos, paraguaios e uruguaios.

O maior e melhor cassino da América Latina está situado no Uruguai, o Conrad, onde apostadores brasileiros viajam e deixam todo o seu dinheiro por não ter opção de jogo no próprio país. O Brasil acaba deixando de lucrar com o dinheiro da própria população e de turistas de demais nacionalidades que gostam do jogo e preferem viajar a um país minúsculo como o Uruguai para jogar a viajar ao RJ só pra bater foto de braços abertos em frente ao Cristo Redentor com sua mais nova aquisição: pichação.

O decreto-lei assinado por Dutra fechou 71 cassinos e deixou cerca de 60.000 pessoas desempregadas.

O principal motivo para a proibição dos jogos no Brasil é a questão moral e o perigo relacionado ao vício, assassinato e drogas.

Engraçado ver o governo falando sobre moral e bons costumes quando ele é o melhor e maior exemplo de canalhice no país. De qualquer forma, é importante salientar que a minha moral é diferente da de outras pessoas e eu não tenho o direito, assim como ninguém o tem, de impô-la sobre alguém.

Quanto ao vício relacionado ao jogo, contanto que a pessoa esteja jogando com seu próprio dinheiro, sendo vício ou não, entrando em dívida ou não, a responsabilidade é unicamente dela. Ninguém precisa do tutor Governo ditando do certo e o errado para ninguém.

Em relação a assassinatos e aumento da criminalidade, o que se tem a fazer é deixar a segurança para empresas privadas. Cassinos com bons recursos pagarão por segurança máxima, assim como pessoas de classe abastada pagarão a mais para frequentarem locais seguros. Legalização de cassinos não significa legalização de assassinatos. Eles continuarão sendo crimes e a eles serão tomadas as devidas ações.

E, falando das drogas, um mal que a pessoa faz ao próprio corpo não deveria ser considerado crime. Dizem que droga faz mal à saúde. Eu não uso droga e governo me faz mais mal do que muitos usuários que conheço. Posso proibir o governo de me roubar a partir de hoje, então?

Agora, se me dão licença, vou receber minhas amigas e fazer minhas apostas caseiras. Au revoir!