sábado, 27 de novembro de 2010

Governo: a arte de emperrar o mercado de luxo no Brasil.

O mercado de luxo sempre me fascinou – e qual mulher não se fascina com luxo? Depois que comecei a estudar hotelaria, fiquei ainda mais interessada por essa área. Cremes, perfumes, roupas e tecidos, lençóis egípcios, harmonização de vinhos, restaurantes de alta gastronomia e hotéis luxuosos.

Falar no assunto já me prende por completo, imaginar-me trabalhando na área de luxo, então, me deixa ainda mais maravilhada. Como me formo esse ano e vou estagiar numa rede hoteleira de luxo – Relais & Châteaux –, já comecei a pesquisar sobre esse nicho de mercado no Brasil, para que, quando volte, já saiba para quais locais enviar meu currículo.

O mercado de luxo no Brasil faturou cerca de US$ 6,45 milhões em 2009 e deve aumentar em 20% esse faturamento para 2010. Dentre esses produtos e serviços de luxo, entra a minha área: hotéis, gastronomia, cremes e moda.

De acordo com a Revista Época Negócios, a rede hoteleira Four Seasons vai construir até três hotéis no Brasil até a Copa de 2014, e a LVMH, dona da marca Louis Vuitton, ventila a possibilidade de abrir um hotel de alto luxo aqui no Brasil.

Quem lê essas notícias sem dar muita atenção, fica radiante; porém, quando vai estudar esses casos com mais afinco, percebe que, mesmo com o crescimento do setor, ele ainda tem muito em que melhorar.

Apesar de parecer promissor, o segmento de luxo no Brasil ainda se encontra numa posição bem inferior quando comparado a outros países emergentes, como Rússia e China. A Versace já investiu US$ 56 milhões na Ásia, com foco especial na China.  Só naquele país, abrirá mais 11 lojas.

Enquanto muitas empresas de luxo sofreram variações nos lucros durante a crise, a LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton S.A.) conseguiu aumentar em 2% a sua margem de lucro em 2008, dando o mérito principalmente ao mercado chinês, que, nos próximos cinco anos, será o maior mercado mundial de luxo.

A mão de obra baratíssima na China também incentivou grupos como a LVMH a mudar seus locais de produção para lá. Com os preços de venda permanecendo os mesmos, mas com a redução dos gastos com despesas operacionais, o lucro acaba aumentando. No terceiro trimestre deste ano, a rede já cresceu mais de 23,6%, e estima-se que crescerá cerca de 40% no final de 2010.

Das grandes grifes de luxo, 100 já operam na China, ao passo que no Brasil, até 2008, existiam apenas 20 delas; e, até 2014, calcula-se que haverá cerca de 50 funcionando no país. Não é apenas pela rigidez da CLT que algumas empresas se sentem inibidas a virem ao Brasil; a alta carga tributária -- que pode chegar a extorquir mais de 60% do faturamento através dos II, IPI, ICMS, ISS, IOF, PIS e COFINS -- também desestimula enormemente os investimentos. Conforme estudo da empresa de consultoria Bain & Company, os impostos sobre produtos de luxo na China giram em torno de 20%.

Com tantos entraves por parte do governo, e com tantas facilidades em outros países, é fácil entender por que, mesmo com um mercado de luxo crescente, ainda existe uma quantidade ínfima de empresas estrangeiras ligadas ao luxo aqui no Brasil. Dos empreendimentos voltados para esse nicho de mercado, 60% são nacionais (fonte: MCF Consultoria e GFK Indicador).

Enquanto o Estado achar que está fazendo um bem à nação ao não flexibilizar a CLT e continuar protegendo empresas de luxo nacionais impondo impostos absurdos sobre concorrentes internacionais, esse segmento não desenvolverá o seu potencial e o custo de oportunidade pago por isso será muito alto, impedindo que o país tenha seu lugar cativo nesse nicho de mercado, como a China.

Não apenas isso, mas também enquanto usarem o bem comum como motivo principal para realizar roubos legalizados, até mesmo as indústrias nacionais fugirão para outros países, como muitas já têm feito desde 2005, triplicando o capital investido no Paraguai, devido à baixa carga tributária e mão de obra barata no país vizinho.

Investimentos tanto estrangeiros quanto nacionais poderiam ser feitos aqui, movimentando a economia do país e aumentando a taxa de emprego. Entretanto, por causa do bem comum tão apregoado pelo Estado, o dinheiro de muitos brasileiros tem ajudado a aumentar o PIB de outros países, e o capital internacional que poderia ser aplicado aqui, gerando mais empregos, é alocado para outras regiões, que não o Brasil.

Empresas que precisam de paternalismo para sobreviver não são dignas de confiança. Enquanto imporem que o bem comum seja o objetivo principal e não uma mera consequência dos esforços honestos e das ambições empresariais, o Brasil continuará na mesmice, perdendo grandes investidores, estimulando péssimos empreendedores e nos fazendo comprar produtos caríssimos -- ícone do luxo aqui, mas símbolo da normalidade em outros países.

4 comentários:

  1. Mas o governo chinês pratica a política do aborto forçado! Só um filho por casal. Como vamos fazer para criar nossos três filhos? Seremos clandestinos!

    Acho que teremos de morar em Hong Kong. E nos casarmos aqui, obviamente. E lá nossos filhos crescerão falando inglês e mandarim!

    Amo você, minha princesa linda! E meu amor aumenta a cada segundo!

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  2. Hoje estou pagando 4 mil reais de IR referente a um resíduo de 1997. Como é que desde 2008 todas as minhas certidões são negativas? Como é que fiz várias negociações com a Petrobrás que é exigente na concessão de crédito? O pior é que não tenho como provar que não devo e nem a receita federal me diz que débito é esse. Simplesmente colocou o posto no CADIN e tive problemas de crédito. Para resolver o assunto, paguei o "débito" para sair do CADIN. E viva o Brasil...Parabéns aos sonegadores.

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  3. Em 2007 sofri um infarto e fui isento de IR. Neste ano a Receita Federal está me cobrando IR desde 2007. Como pode isso se a junta médica que me isentou de pagar IR é da própria Receita Federal? Entrei com a defesa, anexando a isenção e pedindo restituição do que me levaram indevidamente. Esse é o Brasil que eu conheço desde criança.

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  4. Como tu não tem como provar, papi? Não guardou os papéis? Isso é um problema com a Petrobrás? Por isso que eu digo que deveria namorar a Texaco. Petrobrás já era pra ter sido privatizada faz muito tempo...

    E que história é essa de quererem te cobrar IR? Não tava sabendo disso. Enfim, o problema nem é o sonegador, papi, é o estado que faz com que pessoas honestas sejam consideradas criminosas, quando o real criminoso é o governo e suas políticas ridículas.

    Vou ligar hoje pra vocês e saber melhor dessa história.

    Eu te amo!

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