domingo, 25 de julho de 2010

Sabrina e traições

Eu desisto de assistir a alguns filmes só pela capa, com outros apenas me desanimo, mas, ainda assim, assisto. Sempre fui fã de carteirinha do Harrison Ford e vi que papai tinha comprado mais um DVD onde ele era um dos protagonistas: Sabrina.

A capa não me animou muito, mas como era com o Harrison, perguntei aos meus pais se eles gostavam do filme. Mamãe prontamente disse que sim, papai foi dizendo que era pra toda a família, excelente. O filme, pelo visto, era daqueles romances com alguma comédia, meio água com açúcar, no estilo que eu não gosto.

Filme romântico com veia humorística dificilmente é bom, até porque quase nunca o que era pra ser engraçado realmente é. O roteirista e o diretor do filme tem que ser muito bons pra conseguir misturar romance e comédia. Isso, claro, é a opinião de quem não entende bulhufas de cinema e que adora palpitar sem saber de nada pelo simples prazer de fazê-lo.

O que estragou o filme, pra mim, foi no início – na verdade, a cena foi mais ou menos no início, mas não bem no início; foi depois do início e antes do meio – quando Sabrina volta de uma temporada na França. Antes disso, ela morava na mansão de uma família rica (óbvio que era rica, já que a família tinha uma mansão), porque era a filha do choffeur. A família era composta pela mãe e pelos dois filhos. O pai era falecido. Sabrina era apaixonada por David, filho mais novo que, como sempre tem que ter uma ovelha negra, apesar de inteligente, era um mulherengo que nunca aparecia pra trabalhar, levava a vida a jogar tênis, ter encontros de dois dias com quem quer que fosse e ganhar uma mesadinha nada insignificante da empresa da família, onde ele tinha um escritório que nem sequer sabia mais onde ficava. Já o Linus, o irmão mais velho, era justamente o contrário. O workaholic em pessoa.

Anyways, a mãe desses dois conseguiu um emprego pra Sabrina na França e ela resolveu ir. Os funcionários da casa, incluindo seu pai, achavam que essa seria uma forma dela esquecer David, que foi seu amor platônico por todos esses anos. Com o passar do tempo, Sabrina foi começando a esquecê-lo, até ficar sabendo de seu noivado com uma médica pediatra, filha de um rico empresário que iria fechar acordo com a empresa dos Larabee.

Alors, quando Sabrina voltou de Paris, ela era uma mulher completamente diferente. Voltou mais bonita e jeitosa, além de um cabelo curto e bem mais bonito. Quando David a viu, logo se apaixonou e convidou-a para mais uma das várias festas que a família estava organizando, dessa vez para comemorar o aniversário da mãe. Sabrina, sem pensar duas vezes, aceitou. Na festa de aniversário estavam presentes os futuros sogros de David. A noiva estava viajando e não pode comparecer.

Sabrina foi muito bem arrumada para o aniversário, onde se encontrou com David, conversou e dançou com ele de forma que se eu fosse a noiva dele e presenciasse a cena, faria com que o pouco cabelo que restou de Sabrina após seu corte na França fosse resumido a nada.

Como David sempre fazia com suas presas (e Sabrina sabia muito bem disso, já que vivia espionando cada respirar dele), pediu para que a moça o encontrasse no Solarium. Enquanto isso, ele pegaria uma garrafa de champagne, duas taças – que seriam colocadas no seu bolso traseiro – e pediria para a orquestra tocar uma música cujo nome não me recordo.

O que mais me revoltou nessa parte do filme foi não apenas Sabrina saber que esse convite não a faria mais ou menos especial do que qualquer outra garota que ele tenha convidado ao solarium, mas ver que ela concordou em ir até lá, tendo consciência da desoriginalidade da cantada e, principalmente, sabendo do noivado de David.

Além disso, o que é também ridículo, é que ela só não se igualou a uma qualquer pelo simples fato de David, estúpido como naturalmente deveria ser, ter sentado com as duas taças no seu traseiro durante um rápido bate-papo entre ele, Linus e a mãe, sobre o seu comportamento com Sabrina, impedindo seu comparecimento ao solarium.

Mas a gota d’água para a minha indignação, na verdade, não foi o filme, apesar de ter alugado os ouvidos da minha mãe pra expressar toda a minha revolta, mas ter lido na revista Contigo!, enquanto fazia minhas unhas, que Cássio Reis e Danielle Winits tinham se separado e o pivô foi Jônatas Faro, de 22 anos, um pirralho que mal deixou de usar fralda. Após alguns anos de casados e o nascimento de um filho, a união acabou por causa de um menino mais de uma década mais novo que a mulher.

Pra tudo há perdão, mas a mágoa sempre fica. E se tem uma coisa que eu não consigo admitir é traição. Além de ser de uma frieza muito grande por parte de quem trai, é muita falta de caráter e uma covardia tremenda agir pelas costas, escondido. É vergonhoso saber que alguém prometeu no altar amar alguém até que a morte os separasse, fazer votos e mais votos de felicidade, pra depois tomar uma atitude dessas. Ora, pra quê se casa, então? É melhor ficar solteiro, se for pra ser assim.

Claro que as pessoas podem se enganar e perceber depois que o casamento foi um engano, o que, para mim, não é justificativa para um divórcio, porque muito, mas muito dificilmente alguém casa enganado, mas se for pra trair, que seja ao menos sincero com o cônjuge e caia fora do relacionamento antes de agir dessa forma ou então, ao expor suas fraquezas, tente melhorar a relação. Ninguém é tão desimportante a ponto de merecer ser tratado de forma tão desumana e cruel.

Não gostei de Sabrina. Assim como nunca gostei de “O Encantador de Cavalos”. São dois filmes que passo longe quando busco algum dos DVDs do papai para passar o tempo.

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