domingo, 7 de dezembro de 2008

Valor: egoísmo

Quando fui ontem fazer a prova de redação da Castelli ESH (Escola Superior de Hotelaria), um dos temas me chamou a atenção. É um tema aparentemente tão simples, que não percebemos a sutileza por trás dele.

Foi-nos pedido para elaborar um texto sobre nossos valores e o porquê de havê-los escolhido para nossa vida.

Os primeiros valores que pensamos geralmente são respeito, lealdade, ética, esperança e todas essas outras coisas politicamente corretas. No entanto, um único valor consegue abranger todos os outros, valor tal que rege e domina a todas as pessoas: o egoísmo.

Eu sou sincero com meu amigo porque espero sinceridade por parte dele. Sou respeitadora com os outros para que possa ser respeitada. No meu comércio, sou simpática com meu cliente para que ele volte e compre mais. Abraço porque gosto de ser abraçada, se não gostasse, não o faria.

Filantropia e trabalho voluntário não são nada louváveis. Ao contrário do que muitos imaginam, eles não passam de um egoísmo disfarçado. Por que alguém doa dinheiro? Porque gosta de ajudar o próximo. Por que gosta de ajudar o próximo? Porque se sente bem com isso. Por que alguém doa seu tempo no trabalha voluntário? Porque quer ajudar. Por que quer ajudar? Por que se sente bem ajudando.

As pessoas, quando não se sentem bem fazendo algo, naturalmente não o fazem. Queremos sempre fazer algo que nos faça sentirmos bem. Egoísmo puro. Portanto, se um filantropo doa dinheiro, é para se sentir bem consigo mesmo. Isso é egoísmo, não bondade.

Se a bondade existe, é graças ao egoísmo das pessoas. Não existe essa de pessoa boa ou má, e sim de pessoa que acaba indiretamente ajudando outras por causa de seu egoísmo e as que não ajudam pelo mesmo motivo: egoísmo.

É divertido pensar que algo aparentemente tão ruim é o único responsável por todos os bons valores existentes. E mais divertido ainda é ver como bons valores são completamente involuntários e egoístas, não nos distinguindo dos que não fazem nada por puro egoísmo, já que, no fim das contas, fazemos tudo pensando em nós mesmos, e não nos outros.

2 comentários:

  1. Sara, você me deixou em uma situação delicada. Sou obrigado a desvincular o "mal" do egoísmo. E agora o classifico em dois tipos: o "bom egoísmo" quando este me motiva a ajudar pela satisfação de ajudar, e o "mau egoísmo" quando este que incentiva a prejudicar alguém em favor de um interesse meu. Terei prazer em auxiliar os bons egoístas a serem felizes me fazendo o bem (isso faria de mim um "bom" ou um "mau" egoísta?). Fugirei desesperadamente os maus egoístas, estes não terei prazer em ver feliz às minhas custas. Resta saber qual é a proporção de bons egoístas e dos maus. Arriscaria dizer que chamamos um bom egoísta simplesmente de bondoso, por ele ser raro, e o mau egoísta apenas de egoísta, para simplificar, uma vez que estes são tão comuns... rsrs

    Gostei muitíssimo da sua reflexão.

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  2. Para quem se diz muito cristã, sua defesa da tal "ética do egoísmo" randiana é uma brutal incongruência:acaso operavam curas e milagres os apóstolos porque isso era intrínsecamente bom ou porque, com isso, "se sentiam bem"?

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